terça-feira, 15 de março de 2011

Elas estão com tudo: mulheres e video games!!

Assim como o futebol, o mundo dos jogos também sofre com o pensamento machista de que “video game é coisa de homem”. É algo que já faz parte do imaginário popular: o jovem passa as tardes em frente ao console enquanto as garotas pouco se interessam por controles, aparelhos ou o próximo grande lançamento.

Essa visão equivocada está longe de descrever o que vemos na realidade. As mulheres estão tão interessadas pela indústria de eletrônicos quanto os próprios rapazes, o que é percebido pela grande quantidade de títulos voltados a esse público. Porém, engana-se quem pensa que elas só se divertem com jogos casuais ou extremamente femininos: franquias como The Sims e até Super Mario são populares entre as moças e servem como porta de entrada a outros gêneros.

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Contudo, enquanto muita gente ainda acredita que as garotas não servem para jogar, podemos ver vários casos de mulheres que não só mandam bem na jogatina como vão além e participam de todo o processo de criação de um game.

Já parou para reparar nos nomes que aparecem em sua tela ao finalizar um jogo? Se não, perceba que há um grande número de garotas nesses créditos. Os cargos são os mais diversos e vão desde a concepção inicial de uma ideia até aos altos cargos nas desenvolvedoras. Sabe aquele título que você tanto gosta e se orgulha pela testosterona que ele exala? Pois há um toque feminino por trás de tudo isso.

Questão históricaMulheres desde os primórdios dos gamesSe você acha que a presença das mulheres no mundo dos jogos é algo recente, saiba que está bem enganado. Elas já fazem parte desse universo desde os primeiros consoles, seja na equipe de produção quanto na própria concepção da ideia de grandes clássicos.

Fonte: AtariAge

Exemplo disso é o eterno River Raid. Lançado para Atari, um dos mais marcantes títulos de aviões surgiu da mente criativa de Carol Shaw, considerada uma das primeiras game designers da indústria. Além de desenhá-lo, ela também participou da programação do jogo e criou vários outros jogos menores.

Reconhecimento merecidoPremiação para elas Você pode até não saber, mas existe um prêmio cujo principal objetivo é premiar essas mulheres que quebraram a visão machista e fazem a indústria de jogos acontecer. O Women in Gaming ocorreu durante a Game Developers Conference 2011 e destacou os principais nomes do ano passado.

Para demonstrar a força das moças no mercado, o presidente da Schell Games, Jesse Schell, fez um discurso durante o evento para ressaltar a importância de ter moças no ambiente de trabalho. Segundo ele, basta ter uma garota no escritório para fazer com que os homens pensem um pouco mais antes de falar ou sugerir uma ideia.

Além disso, Schell comentou que as chances de um projeto em que só há rapazes não dar certo são maiores do que quando elas estão envolvidas. O presidente do estúdio justifica essa estatística como a importância do toque feminino, algo que muitas empresas consideram como a fórmula secreta para o sucesso.

Essa participação se dá em vários níveis, o que pôde ser conferido durante o Women in Gaming. Para ter uma ideia, a grande vencedora no quesito produção foi Jade Raymond, responsável pelo desenvolvimento dos dois primeiros Assassin's Creed e também diretora executiva da Ubisoft Montreal.

Fonte: Gamerscore (Wikipedia)Além dela, quem concorreu ao mesmo prêmio foi Tanya Jessen. Para quem não reconhece o nome, Tanya é produtora da Epic Games e, entre seus projetos, trabalhou com a série Gears of War e esteve à frente do recém-lançado Bulletstorm.

Toque feminino

Quem também se destacou no Women in Game foi Tasha Harris, chefe do setor de animação da Double Fine, que levou o prêmio nas categorias Arte e Revelação. Entre seus projetos, podemos destacar Costume Quest e o elogiado Stacking, em parceria com Tim Schaffer.

Essa conquista, no entanto, não chega a ser surpresa. A presença das mulheres em setores criativos já é algo bastante comum em vários outros ramos. Basta olhar a quantidade de garotas que entram em cursos como design, moda e arquitetura.

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Nos jogos isso é ainda mais perceptível. A melhoria no visual dos personagens no decorrer do tempo é o maior reflexo disso. Se antes tínhamos heróis e vilões um tanto quanto sem graça, hoje vemos protagonistas repletos de detalhes e outros elementos que somente o olhar feminino consegue conceber.

O mesmo pode ser dito de todo o mundo visto nas telas. Cenários e locais também são beneficiados pela criatividade das moças. Um ótimo exemplo é a equipe da 2K Games, estúdio que desenvolveu Bioshock. Boa parte da criação de Rupture foi feita pela designer Jennifer Hollcroft.

Com God of War não foi diferente. A reconstrução de ambientes históricos e mitológicos foi feita a partir das ideias de Ashley Morgan. Se vimos Kratos invadir o Olimpo ou nos deslumbramos com visual do templo de Cronos, tudo isso aconteceu graças a ela.

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Por fim, o áudio. Como boa parte da imersão em um jogo se dá por conta da trilha sonora, devemos a elas o fato de as canções de muitos games se tornarem marcantes nessa experiência. Uma das séries mais lembradas por conta desse aspecto é Kingdom Hearts, cujas canções foram compostas por Yoko Shimomura. Além dela, o crossover entre Square Enix e Disney também conta com os arranjos de Kaoru Wada.

Mulheres no comandoMinha empresa, minha chefeOk, ainda que as moças já estejam trabalhando com games, isso não significa que elas sejam uma força representativa dentro das empresas, certo? Errado. Diversas desenvolvedoras já são chefiadas ou possuem setores inteiros gerenciados por mulheres. Mais do isso, são empresas que não param de crescer.

Durante seu discurso na Women in Games 2011, Jesse Schell comentou sobre o crescimento dos jogos para mobile e aqueles voltados para redes sociais. Segundo ele, esses títulos tiveram um destaque que nenhum consultor imaginava prever. O motivo? Elas.

De acordo com Schell, é a sensibilidade feminina a responsável por criar games que conseguem agradar homens e mulheres, crianças e adultos. Ele brinca que, enquanto os rapazes pensam em desenvolver aventuras envolvendo zumbis e ninjas, os lançamentos que mais vendem utilizam fórmulas simples com fazendas, yoga ou até mesmo dança.


O maior exemplo disso são os fenômenos FarmVille e Mafia Wars. Com uma proposta sem grandes mistérios, esses jogos possuem milhões de usuários do mundo todo online simultaneamente. Com Chris Trottier na direção criativa da Zynga, a empresa conseguiu emplacar novas máquinas de fazer dinheiro e com propostas semelhantes, como Cafe World, CityVille e PetVille. O resultado, como não poderia deixar de ser, é que a companhia é uma das que mais consegue lucrar com títulos exclusivos para Facebook.

Sexo frágilMulheres também curtem jogos sériosMas trabalhar com títulos para redes sociais não significa que as garotas só conseguem se envolver em jogos mais ingênuos. Até mesmo aqueles games que fazem os marmanjos se empolgarem possuem um dedo feminino em sua construção. Ou você achava que elas gostavam apenas de Just Dance e derivados?

Como dito anteriormente, a produção do aclamado Gears of War foi feito por Tanya Jessen, assim como o de Bulletstorm. Ambos usam uma história adulta e abusam da violência em confrontos com armas – elemento que os jogadores mais hardcore gostam de ver em um jogo de ação.

Fonte: Twitter oficial da Tanya Jessen
O próprio Assassin’s Creed, também já comentado, traz questões como assassinato, conspirações e políticas que, segundo o imaginário popular, são de interesse muito mais masculino do que das mulheres. No entanto, praticamente toda a série foi produzida por um dos maiores nomes da Ubisoft, Jade Raymond, e é um dos maiores sucessos da atual geração.

A ideia do sexo frágil ou que não se interesse por temas mais “brutais” já deixou de existir na indústria de jogos há um bom tempo. Hoje, elas participam de todo o processo criativo de games como God of War. Se você achou a saga de vingança de Kratos algo completamente sanguinário, saiba que boa parte da culpa disso é da roteirista Marianne Krawczyk.

A verdade é que temos cada vez mais mulheres dentro dos estúdios. O saldo dessa participação não poderia ser mais positivo, já que como salientou Jesse Schell, é esse ponto de vista diferenciado que consegue fazer com que os novos lançamentos sejam ainda mais atraentes.

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